Julieta me persegue
Por todos os lugares que eu ia
Presente em tudo o que fazia
Lá estava ela comigo a suspirar
Vivia a lamentar e a me atormentar
“Escreve pelo menos um soneto”
Dizia toda manhosa a Capuleto
Nunca escrevi um soneto, nem sei o que é
Mas me vencia na insistência essa mulher
Ela dominava meus pensamentos
E se utilizava do meu coração
Intimando-me a uma comunhão
Onde éramos uma a todo o momento
“Escreva versos ao meu amado”
Ela me conduzia ao caminho errado
“Renego meu nome e tudo que sou!”
Sem saber que seu destino já estava traçado
Não pode tê-lo nessa vida Julieta
Mas também não pense na morte
Pense nas outras vidas que podem ser vividas
E se entregue apenas à sua sorte
“Uma vida inteira longe do meu amado não vou aguentar!
Prefiro a morte a tentar esquecer
Pois não conseguirei sobreviver!”
Estava sempre a dramatizar
Minha querida
O que são algumas décadas diante a eternidade?
Sei que sentirás muita saudade e dor
Mas espera o momento certo para viver de verdade esse amor
Ela pareceu então me ouvir
E me libertou com dificuldade
Mas basta um deslize de minha parte
Que ela volta a me perseguir
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